Saiu um artigo meu no jornal O Povo, de 10/03/2010, na seção Opinião e resolvi postá-lo aqui!
A valorização do litoral do CE
Marisa Ribeiro Moura
10 Mar 2010 - 02h11min
Observando o contexto atual e a evolução histórica da ocupação da zona costeira cearense, verificamos que a especulação imobiliária vem sendo o fator mais impactante provocado pela valorização dos ambientes litorâneos, por meio dos múltiplos usos advindos dos fenômenos relacionados às novas atividades praianas, caracterizadas nas segundas residências, resorts, condomínios de luxo e nas infraestruturas para a geração do turismo de massa.
Podemos constatar a mercantilização do litoral cearense, através da similaridade existente nas novas formas de ocupação do mesmo com os espaços litorâneos europeus, estando estes em processo de destruição em certas cidades, como em Valencia e Huelva na Espanha; Espinho, Aveiro e ilha de Faro em Portugal, dentre outros.
O aumento destes empreendimentos na costa cearense acarreta na degradação da paisagem, pois a forma com que essas atividades se desenvolvem, muitas vezes não respeitando os limites de resistência do ambiente, se tornam responsáveis, sobretudo, pela sucessão de impactos negativos ocasionando sérios prejuízos de ordem natural, econômica e social, principiando assim um processo de degradação do meio ambiente a médio e curto prazo, onde poderemos constatar, em tempo futuro, uma área de tensão ambiental.
Devido às formas de uso impróprias do litoral, podemos refletir se estamos tendo o cuidado apropriado com a zona costeira, questionando-nos se esta forma de ocupação ocorre em razão da falta de esclarecimento sobre a dinâmica costeira, já que devemos sempre levar os agentes físicos em consideração ou, por causa da busca incessante de benesse perante tal paisagem? Devemos ressaltar, além disso, que estas novas formas de ocupação também acarretam na privação de áreas que deveriam ser de livre acesso, trânsito e uso do domínio público. Descobrir novas alternativas para a gestão da zona costeira é de suma importância, pois, buscar novas formas de produção do espaço que visem a um planejamento urbano participativo centrado na preservação do meio ambiente é uma tentativa de diagnosticar áreas que já estão em processo de degradação e proteger outras que ainda passarão por tal processo, propondo assim, a valorização não só do espaço litorâneo como mercadoria, mas também como um espaço de interação entre a biodiversidade, o lazer, a cultura, a história e do pensar e agir de um povo, isto é, de sua identidade.
Marisa Ribeiro Moura - Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade
Federal do Ceará (UFC)
marisageog@yahoo.com.br
Me mata de orgulho!
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